Triumph Commander, para viajar com emoção
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Triumph Commander, para viajar com emoção

9 Minutos de leitura

  • Publicado: 06/05/2015
  • Por: jmesquita

<p>Quando avaliamos a Triumph Thunderbird Storm não faltaram elogios para essa grande e impressionantemente divertida custom. Não podemos deixar de valorizar a opção dos engenheiros de Hinckley, que utilizaram um motor bicilíndrico em paralelo, em vez de um V2. Com exatos e, porque não, exagerados 1 699 cm³, optar por um propulsor localizado o mais próximo possível da roda dianteira, certamente garante melhor eficiência em curvas. </p>

<p><span style="line-height: 1.6em;">E a Thunderbird Storm, mesmo com pneu dianteiro de 19 polegadas de diâmetro e pneu traseiro de 200 mm de largura, nos surpreendeu nas curvas. Ok, não é uma superesportiva, mas entre as custom, e com essa cilindrada, ela chamou atenção pela estabilidade oferecida em curvas de alta e consequentemente na fácil maneabilidade em baixas velocidades. Mas, mesmo com essa  superioridade dinâmica, a marca inglesa não sossegou, e criou, para os mais puros amantes de custom, uma versão mais reluzente e confortável. </span></p>

<p><span style="line-height: 1.6em;">A ordem foi esquecer o motor preto com tampas laterais pretas. Esqueceram também as bengalas negras e o guidão em forma de T. Miraram as armas para o mercado norte-americano. Portanto, se um cliente gosta de custom porque elas refletem, a Triumph seguiu a tradição e criou uma versão com muitos cromados. </span></p>

<p><img alt="Triumph Thunderbird Commander" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t4_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>O pacote incluiu um banco mais aconchegante e um guidão maior para oferecer uma posição ainda mais relaxada. Desta linha de pensamento nasceu, portanto, a Commander. Mantiveram a silhueta musculosa através dos dois grandes faróis redondos, o enorme tanque de 22 litros e as rodas de liga, mas deram a ela mais brilho.</p>

<p>Junto com as dezenas de partes cromadas também vieram as grandes plataformas embaixo dos pedais, um desenho mais clássico para as ponteiras de escape e uma roda dianteira menor, de 17 polegadas, mas bem larga, equipada com um gordo pneu de medida 140/75. Opa! Estaria a moto mais baixa? <span style="line-height: 1.6em;">Sim, apesar do banco com o dobro de espuma, a roda menor e as plataformas limitaram o poder de inclinação da Thunderbird. </span></p>

<p><img alt="Diferente da versão Storm, a Commander pede uma pilotagem mais segura e menos agressiva" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t2_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Se por um lado ela está mais confortável para longas viagens, por outro, nas curvas, ela raspa no chão com mais facilidade. Há propositalmente uma espécie de raspador embaixo das plataformas, assim está garantida vida longa para aquela peça, que inteligentemente os portugueses chamam de "repousa-pés".</p>

<p>Um outro pequeno detalhe que não agradou muito, mas que pode ser uma questão pessoal, é a cobertura cromada da parte de cima das bengalas, que se une a um escudo (também cromado) atrás dos faróis, lembra muito a Fat Boy da Harley-Davidson, mas com os dois faróis redondos ficou um pouco estranho. Gostamos mais da versão Storm da Thunderbird, que não tem nada atrás dos faróis e conta com mesas de suspensões negras em vez de cromadas.</p>

<p><span style="line-height: 1.6em;">Resumidamente, a Storm tem mais cara de Triumph, já a Commander — principalmente em movimento — lembra qualquer outra custom. Pequenos e perdidos em um mar de cromo, os faróis da Commander perderam parte de sua personalidade forte. Ainda bem que, para equilibrar, as novas rodas, com aros cromados e raios negros, são muito mais bonitas e modernas que aquelas que equipam a Storm. </span></p>

<p><img alt="Diferente da versão Storm, o poderoso motor bicilíndrico em linha é cromado na Commander" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t13_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Quanto ao desempenho, pouca coisa mudou. Ela é uma delícia. Seu enorme bicilíndrico em paralelo conta com duplo comando no cabeçote e é arrefecido a água. Cada pistão tem “singelos” 107 mm de diâmetro. Capaz de render 15,4 kgf.m de torque máximo a míseros 3 500 rpm, quase não se fazem necessários os 94 cv de potência máxima declarada. Um mapa diferente de injeção deixou ela com 4 cv a menos que a Storm, mas nem parece que ela fica com 348 kg de tanque cheio.</p>

<p>Mudar de marcha é quase um luxo. É possível viajar com um tanque completo apenas em sexta marcha. Não precisamos reduzir para fazer ultrapassagens. O novo guidão, bem largo e recuado, deixa os braços dobrados, bem relaxados e, consequentemente, as costas bem eretas. De fato as plataformas possibilitam descansar os pés, caso a ideia seja viajar muitos quilômetros em reta.</p>

<p>O novo banco, além de contar com muito mais espuma, também conta com um ótimo apoio para a lombar. É possível encostar o fim das costas ali e curtir horas e horas sem que a viagem se torne um martírio. Mas nada de acelerar muito.</p>

<p><img alt="Grande, porém essencial. Apesar dos cromados, a Commander não tem frescuras. Exala força e robustez" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t15_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>A Thunderbird Commander, assim como a sua irmã Storm, é capaz de chegar aos 200 km/h. Sem esforço algum ela mantém 140, 150 km/h tranquilamente, mas, como não tem para-brisa e o coice é grande nas retomadas, precisamos fazer muita força nas mãos para continuarmos com o peito levantado. Melhor manter 120 km/h e relaxar.</p>

<p>Os comandos são simples, sem frescuras. Botões de buzina, setas e farol alto no lugar tradicional. No lado direito, ela conta com um botão para mudar as opções do display digital, que podem ser hodômetros total ou dois parciais, autonomia e hora. O velocímetro e o marcador de gasolina são analógicos, tudo em cima do tanque. Onde fica o conta-giros na versão Storm, na Commander é o marcador de combustível. E, diferindo da Storm, a Commander tem escala do velocímetro em quilômetros e não em milhas. </p>

<p><img alt="Com excelentes suspensões e pneus robustos, o conforto está garantido até nos piores pisos" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t16_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Na descida para o litoral paulista, com velocidade bem regulamentada de 80 km/h a Commander conseguiu fazer 22 km/l, melhor que a Storm. Trocando de marchas, freando e retomando em centenas de lombadas do litoral norte de São Paulo, ela marcou média de 17 km/l. Nas subidas de serras, onde a diversão poderia ser maior, a pouca inclinação limitada pelas plataformas acaba com a graça, caso você viaje sozinho e queira ir mais rápido.</p>

<p>No entanto é na subida que se notam as qualidades de um motor torcudo. Por exemplo, a velha serra que liga as cidades paulistas de Ubatuba e Taubaté tem bastante inclinação e muitas curvas de primeira marcha, mas com muito torque em baixa rotação, a segunda marcha fez todas as curvas lentas, o que diminuiu substancialmente o número de trocas de marchas.</p>

<p>Ela marcou 16,5 km/l na subida e 19 km/l no plano, em sexta marcha. Com um tanque de 22 litros, vai depender de você se a autonomia vai atingir quase 400 km ou não. Curioso notar que não foi porque a roda dianteira diminuiu de tamanho que o pneu também mudou, permanecem os excelentes Metzeler Marathon, superseguros no molhado e hiperconfortáveis no seco. <span style="line-height: 1.6em;">Sempre levando em consideração que ela conta com dois grandes discos de freios de 310 mm na dianteira e as pinças são de quatro pistões opostos.</span></p>

<p><span style="line-height: 1.6em;">Diferentemente de outras custom, a Commander conta com grande poder de frenagem somente utilizando o manete da mão direita. Todavia, o freio ABS é de série, então recomendamos utilizar o traseiro para equilibrar melhor a moto em frenagens mais fortes. Pode confiar que não vai travar. Aliás, o quesito conforto foi o mais explorado nessa versão, e se a ideia dos marqueteiros da marca foi desafiar a engenharia a fazer uma Storm mais confortável, com a descarada intenção de desafiar a Harley-Davidson, a meta foi alcançada.</span></p>

<p><img alt="Dois faróis redondos como o de outras motos da marca" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t11_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>A Triumph ainda disponibiliza opcionais nas concessionárias, alguns bem úteis, como malas laterais, e outros nem tanto, como capa de tanque, mas se você pretende atravesar o país com uma Commnader recomendamos um para-brisa. Ela tem um motorzão que implora por velocidades fora da lei, é chato demais sentir que o bicilíndrico pode levar você até altas velocidades, e você não o faz porque não tem onde se esconder do vento.</p>

<p>Na verdade, ela tem muitos outros atributos que possibilitam uma longa viagem sem esforço. A silenciosa transmissão final por correia dentada, a ausência de vibração do motor e o banco espesso unido às robustas suspensões fazem a Commander engolir quilômetros e copiar as irregularidades do asfalto sem transmitir qualquer insegurança ou desconforto. Duas bem calibradas bengalas Showa de 47 mm na dianteira e dois robustos amortecedores, com cinco regulagens de compressão, na traseira, garantem extremo conforto e ótima estabilidade em curvas de alta. Sozinho ou carregada, ela não vai reclamar de peso extra. Força é o que não falta.</p>

<p><img alt="Dois robustos amortecedores com regulagens na traseira. O desenho do escape é tradicional " height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t7_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Os problemas de ter uma grande custom aparecem quando precisamos, por algum motivo, enfrentar o centro da cidade. No caso da Commander, não apenas o guidão largo, mas também as plataformas limitam a sua vida entre os carros. Congestionamento e espaço para estacionar não combinam com ela. Parar atravessado entre um carro e outro não é recomendado, já que ela possui 2 442 mm de comprimento. Certamente a roda da frente vai ficar invadindo a faixa de rolamento.</p>

<p>A unidade avaliada estava com um ruído anormal no motor. Talvez uma regulagem de válvulas resolvesse, apesar de o ruído vir da parte de baixo. Estranho. Conferimos o óleo (nada menos que 4,5 litros), e estava no nível. Ela estava com apenas <span style="line-height: 1.6em;">2 500 km rodados. </span></p>

<p><span style="line-height: 1.6em;">A Triumph não divulga qualquer alteração no motor entre a Storm e a Commander, a não ser o novo mapeamento da injeção, então, como já havíamos testado a Storm antes, e ela se mostrou supersilenciosa, acreditamos que seja um problema da unidade e não do modelo. Enfim, uma Thunderbird assim, repleta de cromados, custando R$ 53 990, R$ 3 000 a mais que a Storm, não deixa de ser uma boa opção, principalmente para a marca. </span></p>

<p><img alt="Grande para-lama metálico com tradicionais e pesados suportes de piscas" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t10_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Dessa maneira o line-up e, consequentemente, a oferta aumentam, e o consumidor que está fazendo contas para adquirir uma grande custom tem mais opção na hora de fechar negócio. Bingo! </p>

<p><strong>Em quatro palavras</strong></p>

<p><strong>Cidade</strong><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Esqueça! Ela não pode ser a sua solução para resolver problemas diários. Em um domingo ensolarado, com ruas vazias, ela pode chamar a atenção parada no semáforo. Mas seu lugar é mesmo na estrada.  </span></p>

<p><strong>Estrada</strong><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Além da excelente posição de pilotagem, o motor é tão bom que ela pode até acompanhar grandes sport-touring. Só não leva nota máxima pela falta de espaço e proteção aerodinâmica.</span></p>

<p><strong><span style="line-height: 1.6em;">Garupa</span></strong><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Esta versão conta com muito mais espuma, mas ainda faltam alças de apoio e um encosto para as costas. Com torque abundante, ela obrigatoriamente tem que te agarrar nas arrancadas.</span></p>

<p><span style="line-height: 1.6em;"><strong>Emoção</strong></span><br />
<span style="line-height: 1.6em;">A versão Storm é mais emocionante, mas a Commnader não deixa de ser surpreendente se considerarmos o peso e o volume geral. Ela é rápida e consegue ser ao mesmo tempo confortável.</span></p>

<p><strong><span style="line-height: 1.6em;">Medições</span></strong></p>

<p><img alt="Gráfico extraído na avaliação da Commander no dinamômetro" height="467" src="http://carroonline.terra.com.br//motociclismoonline/staticcontent/images/uploads/t3dina_620x467.jpg" style="margin:0 auto; display:block;" width="620" /></p>

<p>Potência máxima na roda = 81,2 cv a 6 250 rpm<br />
<span style="line-height: 1.6em;">Torque máximo na roda =  11,7 kgf.m a 4 050 rpm</span><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Potência específica = 16 cv/l</span><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Relação peso-potência = 3,5 kg/cv</span><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Consumo médio =  17 km/l </span><span style="line-height: 1.6em;">(misto entre cidade e estrada)</span><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Autonomia média = 374 km</span></p>

<p><strong>Conclusão, por Eduardo Zampieri</strong><br />
<span style="line-height: 1.6em;">Gosto mais da Storm. Entendo a ideia da Triumph de acrescentar cromados para agradar outro tipo de público. Mas unir partes old-school, como tampas cromadas, capas cromadas nas bengalas, a rodas de liga leve de 17 polegadas, para-lama dianteiro rente ao pneu e sistema de freio poderoso fez uma salada de clássico com ar de esportividade. Esquisito! Particularmente, não me agrada o visual do grande para-lama traseiro com uma roda pequena e as plataformas dos pés, que acabam com a diversão nas curvas. Ainda bem que o motor é delicioso e o conforto compensa!</span></p>

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