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Royal Enfield Interceptor 650: de volta para o futuro com classe retrô

6 Minutos de leitura

  • Publicado: 20/04/2022
  • Por: Ismael Baubeta

É evidente a evolução tecnológica que a Royal Enfield alcançou nestes últimos anos. O passo inicial foi com a Himalayan, e as bicilíndricas de 650 cm3 deram sequência ao caminho com a Interceptor e a Continental GT. Recentemente, foi a vez da Meteor 350 chegar e agradar o brasileiro.

Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Gustavo Epifânio

Pouco restou das primeiras monocilíndricas da Royal Enfield chegadas em 2017 no Brasil, Bullet 500, Classic 500 e Continental GT 535 que mantinham fielmente o projeto dos anos 1950 e, como tal, tinham características dinâmicas pouco, digamos, convincentes. Mas elas venderam e agradaram tanto os saudosistas quanto os amantes de motos clássicas, afinal o apelo visual de época, e não o desempenho, era o ponto forte desses modelos.

Royal Enfield Interceptor 650: de volta para o futuro com classe retrô

Expansão da Royal Enfield

Os executivos da Royal Enfield sabiam que em um mercado cada vez mais competitivo e com um sem-fim de produtos sendo lançados no segmento mundo afora, se não apontassem novamente a bússola para o norte, provavelmente estariam fadados a permanecer na mesmice no gigantesco mercado indiano, mas a ordem era também conquistar cada vez mais novos mercados e internacionalizar a marca para valer. 

Surgiram então as primeiras motos que fizeram o início do caminho; a Himalayan já quebrou paradigmas por ser uma trail. Depois chegaram as bicilíndricas Interceptor e Continental GT 650, que, embora remetam aos modelos de motos dos anos 1960, têm uma concepção bastante moderna e deixam notório o pouco desempenho oferecido pelas monocilíndricas de 500 cm3.

O projeto

Como não poderia deixar de ser, os engenheiros da Royal Enfield trabalharam com um design clássico das motos dos anos 1960. A Interceptor é compacta, tem banco reto, tanque em formato de gota, farol redondo, painel com dois mostradores redondos e analógicos (com velocímetro e conta-giros lado a lado), com as demais informações exibidas no pequeno LCD no interior do primeiro. 

A pintura e a combinação de brilhos de cromados com as enormes tampas do motor arredondadas e polidas realçam as linhas e demonstram o capricho no acabamento. Tecnicamente a Interceptor 650 tem concepção bastante simples, o projeto contempla um chassi do tipo berço duplo em aço tubular, ao qual estão acopladas bengalas convencionais sem ajustes na dianteira e atrás na balança há dois amortecedores com reservatório de gás separado ligados ao chassi, e neles é possível ajustar a pré-carga da mola.

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Ergonomia e conforto

A Interceptor é baixinha e tem acesso fácil, qualquer um pode subir e apoiar as plantas dos pés no chão com firmeza. O banco “flat” poderia ter uma camada de espuma mais generosa para que fosse menos cansativo. A posição das pernas é recuada, mas sem exagero, e o tronco vai ereto pela boa posição e distância do guidão, que também oferece bom ângulo para esterçar a moto.

Desempenho e dinâmica da Royal Enfield Interceptor

O motor de dois cilindros paralelos da Interceptor 650 não é muito potente, são 47 cv de potência máxima a 7.250 rpm, mas o torque de 5,3 kgf.m está totalmente disponível às 5.250 rpm; ele privilegia o torque em baixas rotações, por isso tem respostas rápidas ao giro do punho e mesmo com garupa e na subida é capaz de manter boa velocidade cruzeiro sem pestanejar, com folga para uma ultrapassagem se for necessário. 

Royal Enfield Interceptor 650: de volta para o futuro com classe retrô

O nível de vibração também é aceitável para a configuração em paralelo, bem suave e valente, seja na condução urbana ou por rodovias. Outro atrativo desse motor é o baixo nível de ruído, e o som emanado pelas duas ponteiras é discreto, porém de personalidade.

A ciclística da Interceptor também é bem ajustada e as suspensões bem calibradas, permitindo bom nível de conforto pelas buraqueiras das grandes cidades, mas também oferecem boa dose de esportividade, se você quiser contornar curvas com um pouco mais de ímpeto esportivo. 

Royal Enfield Interceptor 650: de volta para o futuro com classe retrô

Uma característica que notei nos pneus foi que em baixa velocidade, ao passar por uma emenda ou faixa no sentido de rodagem, a moto segue a falha desviando sua trajetória, possivelmente por conta da rigidez da carcaça dos pneus. Por outro lado, transmitiram segurança na pilotagem e nas frenagens.

O sistema de freios tem ABS nas duas rodas e seu funcionamento é um pouco mais borrachudo, sem ser desagradável, mas é preciso utilizar mais força no manete para frenagens um pouco mais fortes. No freio da roda traseira, o ABS parece mais intrusivo, já que em diversas ocasiões senti a tradicional trepidação do pedal ao acioná-lo, mas os quilômetros rodados fazem com que você se acostume e perceba que em conjunto com o dianteiro o poder de frenagem da Interceptor é convincente.

Royal Enfield Interceptor 650: de volta para o futuro com classe retrô

Clássicas em expansão

As motos clássicas já demonstraram que caíram no gosto dos motociclistas mundo afora e aqui no Brasil não é diferente. A Royal Enfield entrou com tudo em um nicho com motos mais acessíveis de bom desempenho, muito bonitas, além de bem acabadas. 

Hoje a versão mais barata da Interceptor tem preço sugerido de R$ 25.990 (mais frete); querendo ou não, sua principal concorrente aqui no país é a Triumph, que também tem excelentes motocicletas, com muitas opções de componentes e acessórios, e de desempenho superior, mas elas também são bem mais caras. Atualmente o modelo mais barato da marca inglesa, a Street Twin, tem preço sugerido na faixa dos R$ 53 mil, uma diferença grande que faz a Royal Enfield conquistar novos motociclistas entusiasmados com as motocicletas clássicas. 

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Conclusão

As motos clássicas não são só estilosas, hoje, a maioria já tem no mínimo um bom desempenho, mas também há entre elas que surpreendem com perfomance que pode parecer até fora de propósito para esse estilo. 

A Royal Enfield Interceptor 650 é uma motocicleta que comprova o comprometimento da marca com um novo mundo, que até bem pouco tempo atrás parecia impensável. Se os 47 cv de potência parecem pouca coisa, ao acelerá-la você vai ver que estão de muito bom tamanho, até porque o comportamento desse motor dois cilindros é suave, e o bom torque faz com que suas respostas sejam muito boas em qualquer situação, com pouca vibração e alguma dose de emoção. 

Royal Enfield Interceptor 650: de volta para o futuro com classe retrô

Os quase R$ 26 mil sugeridos da versão mais barata fazem da Interceptor uma excelente opção para o motociclista que quer uma moto nesse estilo e ainda não tem cacife para comprar uma moto de tecnologia mais avançada e mais cara. Em resumo, é uma moto que vale a pena pensar em levar para sua garagem.

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