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Honda ADV e Yamaha NMax se encontram: conceito sem preconceito

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 17/07/2021
  • Atualizado: 19/07/2021 às 8:10
  • Por: Alexandre Nogueira

Os novos Honda ADV 150 e Yamaha NMax 160 se encontram frente a frente. Mas, esta matéria não tem o intuito de uma comparação direta entre os dois scooter que são completamente diferentes, mas sim, mostrar o novo conceito que a Honda lançou anos atrás com o X-ADV 750 e que agora traz para os scooter de baixa cilindrada com o ADV.

Afinal, por definição, é um produto diferenciado e promete boa capacidade aventureira, atributo digamos, inusitado para um scooter, mas que pode se transformar em tendência se ele fizer sucesso de vendas, o tempo dirá. Por outro lado, o NMAX, da Yamaha, representa o scooter tradicional. Em sua nova versão incorporou várias novidades que o deixaram mais atraente, moderno e divertido. Ele concorre diretamente com o PCX, mas queremos colocar o tradicional ao lado do inovador para que você possa abrir o leque de opções, pensar e decidir se vale a pena, de acordo com suas aptidões pessoais de uso e capacidade financeira optar por um ou pelo outro.

Texto: Ismael Baubeta
Fotos: Renato Durães

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Histórico de vendas

O ranking dos scooter no fechamento do ano de 2020, segundo dados da Fenabrave, mostra o predomínio da Honda com o PCX 150 emplacando 26.580 unidades (contabilizadas todas as versões), em segundo lugar aparece o Elite 125 (o scooter de entrada da marca) com 14.024 unidades lacradas, e, em terceiro ficou o NMAX 160, da Yamaha, com 12.384 motos documentadas no ano de 2020.

O ADV é um scooter de nicho não só pela sua proposta inusitada, mas também pelo preço, portanto o volume de vendas deve ficar mais próximo da SH 150, que teve média mensal de emplacamentos próxima a 320 unidades, do que da PCX. Mesmo custando pouco mais de R$ 4.000 mais caro que o SH 150, a inovação do ADV deve ajudá-lo a conquistar mais adeptos do que a SH conseguiu, afinal, é um scooter que inaugura um segmento até então inexplorado, e considerando o sucesso que fez com o público no Salão Duas Rodas de 2019, em São Paulo, sua aceitação pode se refletir nas vendas e surpreender.

Conceito vanguardista Honda

O ADV não é simplesmente um scooter com design diferente, moderno e arrojado, ele é autêntico na sua concepção, assim como emmuitos de seus componentes, exatamente para poder oferecer o diferencial que a Honda quer vender, que é a capacidade de diversão também sobre a terra, mesmo utilizando a mesma base de chassi e motor do PCX 150. Além de seu design, que remete ao grandalhão X-ADV, de 750 cm³, o ADV se diferencia dos demais scooter de baixa cilindrada pelas suspensões de curso mais longo e de ajuste mais firme para poder encarar com certa desenvoltura passeios inusitados (para um scooter) por terra.

A maior altura do fundo da assoalho até o solo também contribui para ultrapassar obstáculos sem batidas indesejadas. Os pneus Metzeler Tourance de uso misto do ADV, são mais largos e mais altos, que os pneus IRC, de perfil asfáltico do NMAX, e a roda de aro 14 polegadas na dainteira do Honda ajuda a enfrentar a buraqueira da cidade e ecarar a terra com desenvoltura, mas eu fiquei surpreso com a segurança que transmitem e com a capacidade de contornar curvas destes pneus. Embora os IRC montados no NMAX não sejam de todo ruins, não transmitem a mesma sensação de segurança que os Metzeler.

Modernização do NMAX

Já NMAX recebeu uma atualização que o deixou mais bonito e também mais próximo visualmento do irmão maior, o XMAX, principalmente na parte traseira. Além das mudanças no layout, ele ganhou outros equipamentos que seu concorrente direto, o PCX, já tinha há um bom tempo, o sistema start/stop, a  iluminação por LED. Mas também recebeu um componente diferenciado, o botão no punho para acessar as informações do painel, que também ficaram mais completas, inclusive com marcador de nível de bateria e indicador de manutenção da correia do CVT.

Diferenças na prática

O ADV tem o guidão mais largo e mais alto que o NMAX, bem ao estilo off-road e tem o seu suporte (raiser) exposto, o que facilita sua regulagem,  gostei da posição de pilotagem. Para fazer o ajuste no NMAX é preciso desmontar os plásticos, o que dificulta o processo. Os dois tem boa ergonomia e bastante espaço para o piloto, mas o banco do NMAX tem camada de espuma mais amigável para o traseiro, contribuindo com o conforto se a jornada for mais longa. Na estrada o para-brisa regulável do ADV, ajuda um bocado na proteção aerodinâmica.

Mas é ao dar a partida, sem chave nos dois scooter, que o negócio fica mais divertido. O NMAX ganhou mais potência na sua recente reformulação e seu motor passou a render 15,4 cv a 8.000 rpm, contra 13,2 cv a 8.500 rpm do ADV.

Na prática, acelerando lado a lado, o NMAX pula na frente e vai abrindo vantagem, suas respostas ao giro do acelerador são mais vigorosas e sua velocidade final bate os 125 km/h, enquanto o ADV não ultrapassou os 107 km/h, ambas velocidades mostradas no painel. As retomadas doNMAX também são mais vigorosas. Apesar das respostas terem melhorado no ADV em relação ao PCX, com as mudanças na caixa de ar e nos dutos da alimentação. O motor do Yamaha tem maior nível de ruído e é um pouco mais áspero, enquanto que o silêncio e a suavidade do ADV chamam a atenção, assim como no PCX, que lhe empresta o conjunto motriz.

Ciclística e dirigibilidade

Logo que subi no ADV e passei pelos primeiros obstáculos percebi a dianteira bem firme, sem a tradicional trepidação no guidão, nestas candições, como na maioria dos scooter. No NMAX também há pouca vibração deste tipo transmitida pela suspensão, mas na unidade testada as batidas secas na dianteira incomodaram em algumas ocasiões.

O ADV tem suspensões mais bem calibradas para encarar nossos lunáticos pavimentos, e para mantê-lo bem assentado. O curso maior de suas suspensões – suas bengalas percorrem 130 mm e os dois  amortecedores, com reservatório de gás e mola de três estágios, percorrem 120 mm.

No NMAX a suspensão dianteira tem 100 mm de curso e atrás os dois amortecedores percorrem 86 mm, nela nota-se que tanto na dianteira quanto na traseira a rigidez é menor, o que favorece mais oscilações. É certo que o ADV também tem maior distância do solo em função de sua proposta, mas quando você faz percursos com curvas e começa a se empolgar, ele transmite muito mais segurança na pilotagem, mantendo-se pregado e firme no chão, o NMAX tende a sacudir mais, limitando a confiança na tocada.

Quanto a sistema de freios o NMAX, com ABS nas duas rodas mostrou-se mais seguro, sua pegada é firme e as frenagens rápidas, mesmomo com menos aderência no solo. A Honda optou manter o sistema ABS somente na roda dianteira no ADV, pela sua proposta todo-terreno, o que é bom para controlar a  moto na terra, mas limita a eficiência das frenagens em pavimento escorregadio. Também tem boa pegada e tato, mas é preciso cuidado para não bloquear a roda traseira, principalmente nas frenagens de emergência. Prova de que não se pode conseguir tudo, se há ganho para quem quer se aventurar na terra, por outro lado, perde-se um pouco da eficiência no asfalto molhado, por exemplo.

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Ciclística e dirigibilidade

Nosso intuito em colocar o ADV diante do NMAX foi mostrar estes dois scooter, antagônicos no conceito e que, não competam diretamente pelo mesmo motociclista. Afinal o ADV é um scooter de nicho, não só por ser o mais caro da cilindrada, o que se traduz em status para quem estiver pilotando um, mas também porque a Honda busca aqueles motociclistas que se imaginam fazendo aventuras de scooter na terra, o que, convenhamos, não é tão normal, além do que, uma queda (normal no off-road) pode significar relevante prejuízo, já que o ADV não tem proteções para seus plásticos. Em contrapartida o NMAX também tem virtudes e seu negócio é praticidade e mobilidade com diversão, seja ela urbana ou rodoviária. Dois excelentes scooter que demonstram que a decisão de compra não deve ser definida somente pelo preço, onde a vantagem é toda do NMAX, mas se você quer se diferenciar e tiver alma inquieta, o ADV é a escolha correta.

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