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Ducati Panigale: agora a versão “menor” será a V2

8 Minutos de leitura

  • Publicado: 22/08/2020
  • Por: Willian Teixeira

A nova Ducati Panigale V2 foi apresentada em Jerez, na Espanha, primeiro modelo da marca adaptada à Euro 5. Ela vai substituir a 959 Panigale, mas não é uma atualização, é outra moto, mais parecida com a V4

Texto: Victor Gancedo
Fotos: Ducati

Poucas marcas vivem o mundo do motociclismo como a Ducati. A marca de Bolonha vive o espírito da motocicleta de forma passional e sempre muito relacionada com a esportividade. Prova disso é a sua participação oficial no MotoGP e no WorldSBK, sempre disputando as primeiras posições. O fato é que o desenvolvimento vindo das pistas resulta na busca da perfeição das superesportivas.

Ducati Panigale V2
Alimentação e pacote eletrônico de primeira linha também foram incrementados

A família mais apimentada da Ducati é formada pelas Panigale V4, V4 S e V4 R, além desta Panigale V2, que mostraremos a seguir. A Ducati escolheu o Circuito de Jerez Ángel Nieto, na Espanha, para a apresentação dinâmica da nova “Panigalina”, como é chamada pela equipe da Ducati, por ser a menor da turma.

A nova “supermid” italiana chega para substituir a 959 Panigale e dá continuidade a uma estirpe com grande tradição. Em resumo, a Ducati é uma das marcas que mais apostam nas esportivas de rua, passando grandes sensações de performance na sua condução, como também demonstrando todo o arrojo do desenho, em que sempre predomina o vermelho, a cor da paixão.

Novidades

Na hora de projetar a sua nova Panigale V2, a Ducati buscou toda a essência da condução esportiva: valores de potência acessíveis, com uma sensação de controle máximo, de forma que possa ser desfrutada indistintamente, tanto nas estradas como em circuitos. Assim surgiu a Panigale V2, uma moto com destaque para a evolução do motor Superquadro de 955 cv, o primeiro motor adaptao à norma Euro 5.

Ducati Panigale V2
Rápida e precisa: A V2 não é difícil de colocar na direção e mantém a linha com precisão

Para atingir essas metas, o motor bicilíndrico recebeu um novo sistema de escape acoplado na parte de baixo da moto, com a curva de saída mais curta e claramente menos volumosa que a daquele que equipava a anterior, a 959 Panigale (com dois silenciadores superpostos).

Além disso, essa V2 teve importantes modificações no sistema de alimentação, com injetores mais bem orientados e com dutos de ar mais diretos, desde as grandes tomadas de ar da frente até a admissão. Desse modo, a Ducati conseguiu que o funcionamento do motor seja mais eficiente e, ao mesmo tempo, que renda mais, com uma potência máxima declarada de 155 cv a 10.750 rpm, o que leva a um aumento de 5 cv em relação à 959.

O valor máximo de 10,6 kgf.m a 9.000 rpm também aumentou 0,2 kgf.m, e com resposta constante e contundente a partir de 5.500 rpm,  como mostram os gráficos técnicos apresentados na conferência de lançamento. A ciclística se caracteriza pelo leve chassi tipo monobloco de alumínio e um subchassi multitubular de aço, cujo ponto de união é o próprio motor. O novo monobraço basculante de alumínio também pivota preso ao cárter, porque o bicilíndrico é uma parte vital na configuração da moto. O chassi é desenhado para fazer a função de caixa de admissão, e o tanque de combustível de 17 litros fa da tampa superior. Por isso o desenho dessa parte é muito exclusivo.

Outra novidade são as inéditas rodas de liga com cinco raios em “Y”. No quesito suspensões, foram mantidas as bengalas Showa BFK e o amortecedor Sachs, ambos multirreguláveis, mas agora com novos ajustes internos. Com respeito a 959 Panigale a V2 ganhou mais altura atrás, carregando mais o peso sobre o trem dianteiro, deixando suas reações mais rápidas. Os freios não tiveram mudanças, e o dianteiro se manteve com o sistema completo assinado pela Brembo, com pinças M4.32, discos de 320 mm e bomba radial.

Ducati Panigale V2
Nem Superbike, nem Midweight: A Panigale V2 não se encaixa em nenhuma categoria, já que não é uma superbike e também não pode ser considerada midweight, que geralmente tem até 800 cm³

Novo desenho

Totalmente redesenhada, não tem nada a ver com a 959. A Panigale V2 se assemelha muito à Panigale V4, destaca-se por uma nova frente com grandes “bocas”, onde se alojam os faróis dianteiros com tecnologia Led, além da luz de visão diurna (DRL). A rabeta se destaca por ser vazada, o que facilita a circulação de ar e melhora a aerodinâmica. Outra melhora importante é no assento do piloto, que ficou mais cômodo e está 20 mm mais largo atrás, o que permite uma melhor acomodação sobre o tanque nas retas para um maior aproveitamento da “bolha”. A mudança estética é importante e se aprecia mais do lado direito ao deixar a roda traseira totalmente à vista, graças à eliminação do volumoso silenciador duplo e dos braços oscilantes, da versão anterior.

Também houve um grande desenvolvimento na eletrônica, elevando a V2 ao mesmo patamar da Panigale V4, inclusive com a unidade de medição inercial (IMU) de seis eixos que vem acompanhada de ABS com assistência em curvas e com três níveis de atuação. Tem ainda controle de tração (comutável com oito níveis), antiwheeling e freio motor com quatro e três níveis, respectivamente.

Ducati Panigale V2
Painel TFT colorido com acesso aos ajustes de motor

Também conta com os modos de condução Race, Sport e Rain, programados de fábrica, mas que podem ser customizados ao gosto de cada piloto. Tudo para que se controle de forma intuitiva a partir de uma nova instrumentação com tela TFT de 4,3 polegadas. O sistema Ducati Quick Shift Up & Down também é de série.

Na Europa é vendida por $ 18.490 euros, cerca de R$ 87.000, pelo preço não é fácil posicioná-la no mercado. Por cilindrada não se encaixa em nenhum regulamento, e por rendimento também não se situa entre as supersport e superbike. Pode-se dizer que a V2 é um modelo único.

Com relação ao peso, a Ducati anuncia 200 kg em ordem de marcha, um número que quase coincide com a sua antecessora e é até comedido, uma vez que quase se trata de uma moto “mil”, que não recorre à fibra de carbono e nem ao alumínio forjado.

Ducati Panigale V2
Habitat: Certamente a moto vai divertir em circuitos e estradas, mas seu DNA é propício para os circuitos

Pilotando

Com uma rabeta muito pequena e uma carenagem estreita, a Panigale V2 é compacta, na primeira impressão. Em contrapartida, seu guidão está um tanto mais aberto, e seu assento está colocado alto. Quando nos sentamos, a sensação de amplitude é considerável e maior que em praticamente todas as esportivas japonesas. Não resta dúvida, que se trata de uma moto desenhada e fabricada na Europa.

Rabeta vazada para melhorar a aerodinâmica

Quando ligamos o motor surge o característico “rugido Ducati”. Aí é só pressionar a alavanca de embreagem, engatar a primeira e sair com tudo. O tato dos controles é mais que correto e ocorre com normalidade. Sempre é um prazer rodar pelo traçado andaluz, ainda mais ao fazê-lo em uma moto como a nova Panigale V2.

Seu motor empurra com força, mas se pode girar o acelerador sem medo de decolar. A troca de marcha para cima é uma delícia, graças ao Quick Shift, nas reduções não é tão rápido assim, especialmente de terceira para segunda, porém podemos optar por fazê-lo pressionando o manete da embreagem em curvas lentas.

A nova balança da Ducati Panigale V2 é monobraço

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Diferente de uma superbike, para rodar rápido é necessário esticar bem as marchas e não deixar cair o motor mais do que o necessário para que acelere com vontade. É relativamente simples pilotar esta Ducati, desde que o piloto tenha certa experiência. Não é especialmente exigente, é ágil e se “deita” de um lado pro outro com facilidade, mantendo a direção do traçado com muita precisão. Ao girar o acelerador com força nas saídas de curva é muito difícil sentir derrapagens provocadas por excesso de potência, como pode acontecer com as poderosas superbike com cerca de 200 cv.

Esta moto chega mais fácil ao limite máximo de uso, e sua velocidade ao passar por uma curva é elevada, resultado da ciclística que tem boa rigidez para suportar os 155 cv declarados de potência. Mesmo com o modo Race selecionado e com os níveis baixos das distintas ajudas, é difícil que a moto coloque o piloto em apuros.

Outra moto: As soluções adotadas, como o chassi monobloco em alumínio, a balança monobraço e as novas rodas com raios em Y, compõem boa parte do pacote tecnológico da Panigale V2

Sua eletrônica funciona muito bem, com um controle de tração que apenas se percebe quando entra em ação e que se torna grande aliado para que tudo pareça mais fácil aos comandos dessa interessante máquina italiana.

Em resumo, os componentes da parte ciclística trabalham bem e nunca se tem a sensação de que é preciso mais. O freio dianteiro não fadiga, pelo menos não na bateria de quinze minutos que tivemos para rodar na apresentação da Ducati, e não exige força no manete para frear a moto com toda a segurança.

O escape agora é menor e deixa a bela roda da Ducati Panigale V2 à mostra

Primeira impressão – por Victor Gancedo

A combinação de 155 cv e 200 kg é muito apropriada para se desfrutar de uma condução esportiva. Além disso, a nova Ducati Panigale V2 possui uma parte ciclística equilibrada graças a componentes que, sem serem top de linha, estão bem colocados. A eletrônica de última geração aporta muita segurança ao utilizar a moto no limite e permitiu utilizar ao máximo o circuito de Jerez. Esta Ducati não é muito exigente e é condizida com certa facilidade e sem desgastes em excesso. É certo que o preço é um tanto elevado, mas também é verdade que podemos nos divertir muito com ela.

*Reportagem publicada originalmente na edição 267 da MOTOCICLISMO.

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