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Comparativo naked: CB 650F x Z650 x SV 650 x MT-07

13 Minutos de leitura

  • Publicado: 26/09/2019
  • Por: Willian Teixeira

A oferta atual na categoria naked é tão grande que você tem que ter certeza do que procura. Por isso, se você está pensando em comprar uma dessas motos, não perca nenhum detalhe deste comparativo! Eu quero comprar uma naked… Esta é uma frase que ouvimos muito e que é o resultado da atratividade e sucesso de motocicletas sem carenagem, que é confirmado por seus números de vendas da última década que fazem delas as preferidas pelos motociclistas.

Categoria naked oferece diversas opções para quem busca uma moto. Separamos quatro para vocês (Juan Sanz)

Até aí, tudo bem, mas uma resposta para a frase que ouvimos não é tão fácil pela grande oferta, qualificada e diversificada, de modelos, o que, no final, é uma boa notícia. No mercado atual, é possível dizer que há uma moto naked para quase todo tipo de usuário, então é aconselhável pesquisar bastante antes de decidir sobre uma, por isso trazemos nesse comparativo quatro modelos japoneses com suas singularidades e certa tradição no mercado brasileiro.

A gama de motos naked coloca as avaliadas nesse comparativo como peso médio. As escolhidas por nossos parceiros da MOTOCICLISMO Espanha foram Honda CB 650F, Kawasaki Z650, Suzuki SV 650 e Yamaha MT-07. Vale destacar que das selecionadas a única que não está mais à venda no Brasil é a SV 650.

Acima delas tem modelos como BMW S 1000 R, Yamaha MT-09, Honda CB 1000R, Kawasaki Z1000 e Ducati Monster 1200. Na outra ponta, as acessíveis BMW G 310R, Kawasaki Z300 e Yamaha MT-03. Propostas, estilos e preços para todos!

A Honda CB 650F está um pouco acima de suas rivais em termos de desempenho e preço, além de ser a única com um motor de quatro cilindros em linha. Ela foi lançada em 2014 com a herança de um lado da lendária Hornet e do outro da prática CB 600F. No ano passado, foi remodelada no mesmo conceito Neo Sports Café da recém-chegada CB 1000R. Além disso, ganhou 4 cv de potência. Enquanto a nova não chega ao Brasil, a atual CB 650F transmite as sensações de ser uma moto mais robusta, mais forte, graças ao design encorpado e ao motor de quatro cilindros.

Comparativo naked coloca frente a frente modelos de Honda, Kawasaki, Yamaha e Suzuki (Juan Sanz)

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O comportamento de uma moto com motor de quatro cilindros é diferenciado, pois não tem tanta energia e fôlego em baixos giros, na cidade, por exemplo, mas não quer dizer que seja fraca. Já em média e alta rotação, empolga pelo som e trabalha muito bem, com giro do motor indo até 12.000 rpm, cerca de 2.000 rpm acima das rivais de dois cilindros. Sua condução é um pouco diferente pelo comportamento do motor já mencionado e também pelo chassi, porque enquanto a posição de pilotagem é muito natural, você sente que está mais inclinado para frente, pois a CB tem um caráter mais esportivo, bem divertida em trechos de estrada com muitas curvas.

A naked da Honda é homogênea no comportamento e firme, também um pouco mais pesada que as outras três, algo inevitável, já que no seu motor existem mais dois cilindros. As suspensões também influenciam o sentido geral de equilíbrio e melhoraram muito desde que ganhou o garfo telescópico Showa de válvula dupla, que deixa a suspensão mais macia em baixa velocidade e mais firme em alta, melhorando a estabilidade em curvas, por exemplo. O sistema de freio é simples, como acontece na maioria das japonesas desta categoria, mas graças ao ABS trabalha muito bem quando é necessário frear forte.

A Z650 é a aposta da Kawasaki para competir neste segmento realmente exigente e desde seu lançamento chamou a atenção dos motociclistas nessa faixa de cilindrada. Com ela, a marca recuperou o nome Z para esta categoria seguindo a filosofia “Sugomi”. A conhecida ER-6n no ano passado tornou-se a Z650, com a qual compartilha a mecânica, mas usando um chassi tubular, um campo que a marca vem há alguns anos explorando desde que foi lançada a brutal Ninja H2R. O motor é o conhecido bicilíndrico paralelo, que na sua última evolução recebeu uma embreagem deslizante de molas mais macias e melhorias no motor para reduzir as emissões de poluentes.

O resultado do ajuste fino no motor foi um ganho em linearidade nas respostas ao acelerador. De todos os motores do grupo, este é o de comportamento mais duro e pessoal, e quem tem predileção pelo dois cilindros pode ter uma conexão com ele. Você pode notar suas vibrações em alta velocidade, mas elas não são irritantes, basta lembrar que há dois pistões explodindo com um intervalo de 180°. A sua entrega de desempenho é constante e demonstra grandes habilidades motoras quando você acelera com a moto inclinada, de modo que você tem um senso de controle em seus comandos. Tem muita alegria a partir de 3.000 rpm em média, um regime que você usa com frequência.

A posição de pilotagem é outro ponto que faz com que seja diferente de suas rivais com a mesma configuração de motor, apesar de ser muito semelhante, se olharmos para a ficha técnica. Isso é possível porque o assento é muito compacto e baixo, de modo que os mais baixos ficam muito bem no chão, mas os mais altos têm as pernas dobradas. No uso urbano, a essas vantagens se acrescentam sua leveza e o guidão curto que esterça bem, então você se move entre os carros com muita facilidade. Ademais, essa posição de pilotagem em que você vai é um pouco mais encaixada que em outras nakeds. Ela é rápida de pilotar e permite que você a leve aonde quiser sem muito esforço. Sua geometria se fecha ao frear com alguma intensidade e fica ainda mais ágil. Os mais altos ou mais agressivos podem perder parte da força na frente, que também não oferece regulação, mas é verdade que 90% de seu uso não aprecia esse efeito. Além disso, o chassi multitubular segura bem o conjunto e permite colocar a suspensão traseira na parte central da motocicleta e com um sistema de hastes localizado acima do braço oscilante.

Assim, a extremidade traseira da engrenagem faz um ótimo trabalho e pode ser ajustada na pré-carga da mola no caso de um duo. O painel digital, que compartilha com o Z900, oferece uma configuração de visão diurna que facilita a leitura. Ela também mostra dados interessantes, como autonomia, nível de combustível e engrenagem orientada, embora, como em todas as motocicletas deste comparativo, para lidar com as informações, você tem que usar os botões no painel, soltando a mão do guidão.

A SV 650 esquentou a categoria duas temporadas atrás com seu novo design, com base na Gladius 650. Com as melhorias, é uma moto mais eficiente e econômica que a antecessora. A naked da Suzuki se diferencia das demais pelo apelo levemente clássico em seu design, apresentando um farol redondo, que lhe confere personalidade. Seu ponto forte é a versatilidade de uso e a variedade de usuários que podem aproveitá-la.

Uma das chaves para este último ponto é seu assento, que fez parte das últimas mudanças que este modelo recebeu, o que reduziu a sua distância ao solo, ao mesmo tempo que estreitou o depósito na área da perna. Dessa forma, é muito acessível, principalmente para quem tem baixa estatura, mas ao mesmo tempo é amplo e oferece espaço para qualquer um se sentir confortável. A disposição do motor, o único em V a 90° do comparativo, torna a moto um pouco mais longa e, portanto, sua posição de condução mais ampla, que é completada com um guidão bem posicionado.

O painel é derivado da GSX-S1000, bem visível e rico em informações, como autonomia e indicador de marcha. Além da ciclística acertada, equilibrada, a grande virtude da SV 650 é o comportamento do seu motor, que evoluiu ao longo dos anos, bem calibrado. É engraçado porque, embora três das quatro motos tenham o mesmo número de cilindros, cada uma tem uma configuração de virabrequim diferente e que lhes dá um caráter singular, ainda mais no caso da Suzuki, por ser um “V2”.

A naked da Suzuki parece mais linear, suave, desde baixas rotações até o corte de giro, além da boa entrega de energia, que é progressiva e constante até obter bons 72 cv verificados em nosso dinamômetro. Em termos de consumo, está próxima da Kawasaki e da Yamaha, em torno de 20 km/litro em condução normal. Com esses números, a autonomia é próxima de 300 km. A Honda gasta um pouco mais, mas também tem um tanque maior, então compensa em autonomia. O sistema de freio é simples e oferece a potência certa, mas para frear forte é preciso acionar com intensidade o manete se quiser parar logo, o que, em geral, também não é um problema. As suspensões passam despercebidas, o que é bom, pois não sentimos incômodo nem falta de estabilidade, em diferentes condições de uso no comparativo.

A MT-07 deixou de ser a veterana desta categoria para ser o modelo mais recente, uma vez que foi renovada nesta temporada. Em geral, tem sido uma remodelação superficial, sem as mudanças muito notáveis, mas também é verdade que algumas foram em pontos-chave, como suspensões. Não há dúvida de que a naked da marca dos três diapasões é uma moto muito importante. Vendo os números, é clara a importância deste modelo para a marca e por isso decidiu dar-lhe um novo visual.

O farol, a luz traseira e o tanque foram redesenhados. Quanto à ergonomia, a forma do assento mudou, mas não de forma radical, de modo que, quando montar nela, você vai se sentir à vontade. O guidão é plano e relativamente baixo, e somente o painel, que não mudou, fica entre o motociclista e a estrada. O motor CP2 não teve mudanças, mas desde que saiu em 2014, a moto tem construído uma legião de fãs, porque é capaz de combinar todas as características que você precisa em uma moto: é forte, ágil e fácil de ser pilotada. Eu me lembro das sensações quando a testamos pela primeira vez em seu lançamento e até hoje ela sempre nos diverte.

É bem forte em médias rotações, muito mais do que você espera de um motor de 689 cm³, e se você se atreve a esticar as marchas, beirando o corte de ignição, ligeiramente acima de 10.000 rpm, é impossível não ganhar doses de adrenalina no passeio. Embora a pilotagem mais esportiva seja esporádica, levando em conta o tipo de usuário da naked da Yamaha e seu maior uso em áreas urbanas, não há problema, pois o comportamento em baixa e média também é notável.

Na nova geração, o destaque foi a atualização das suspensões, que garantem melhor estabilidade para abusar sem medo. O amortecedor traseiro também é novo e em geral a moto é muito mais precisa do que antes, sem perder um pouco de sua grande agilidade. A dianteira está mais firme e a traseira ganhou ajuste de retorno. Os freios têm boa modulação e potência na medida para frenagens fortes, quando necessário.

A MT-07 não assusta, mas exige cautela dos iniciantes, pois empina fácil em primeira e segunda marchas, se girar com vontade demais o acelerador. Pouco mais pode ser pedido para esta moto divertida e prática, como a embreagem deslizante, por exemplo, mas a proposta da MT-07 não é ser superequipada, como a MT-09 e a MT-10, que não é vendida aqui. Prova do potencial da MT-07 é que Rafael Paschoalin, piloto com experiência em corridas de rua como North West e TT Ilha de Man, tornou-se o primeiro brasileiro a ganhar a tradicional e desafiadora subida de montanha de Pikes Peak, em Colorado, Estados Unidos, com essa moto. São quase 20 quilômetros de percurso e 156 curvas de diferentes ângulos, com a linha de chegada a 4.302 metros de altitude!

Conclusão

4º Kawasaki Z650 (R$ 30.990)

3º Honda CB 650 F (R$ 36.337)

2º Suzuki SV 650 (fora de linha no Brasil)

1º Yamaha MT-07 (R$ 34.690)

As mudanças que a Yamaha MT-07 recebeu nas suspensões e assento lhe dão agora uma pontuação melhor e graças ao seu bom comportamento fica no topo da tabela, vencendo esse disputado comparativo! É seguida de perto pela Suzuki SV 650, uma moto muito completa, empolgante, com ciclística bem acertada. A terceira é a Honda CB 650F, que tem uma abordagem ligeiramente diferente, mas é uma moto poderosa e suave. A Kawasaki Z650 fecha a classificação. Além das pontuações, cada uma tem um caráter: a MT-07 traz comportamento mais esportivo, a SV 650 é mais clássica, a CB 650F é a moto com mais embalagem, a mais robusta, enquanto a Z650 é mais marcante pelo seu design. Todas eles são perfeitas para começar bem no mundo das motos naked.

Texto: Sérgio Romero
Fotos: Juan Sanz

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