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Teste: Kawasaki Ninja H2 SX mescla conforto e adrenalina

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  • Publicado: 13/05/2019
  • Atualizado: 16/05/2019 às 18:21
  • Por: Redação

Provamos a Kawasaki Ninja H2 SX, uma moto carregada de tecnologia, conforto, com um forte motor sobrealimentado, que dá sinais do futuro das motos!

A belíssima motocicleta que você vê nas fotos deste texto em ação pelas estradas do interior do Estado de São Paulo tem nome, sobrenome e algumas letras de bônus: Kawasaki Ninja H2 SX SE. É a versão mais completa da H2 SX, uma sport-touring com desempenho acima da média, ficando dentro da marca um nível acima da conhecida Ninja 1000 Tourer, que já avaliamos aqui na MOTOCICLISMO.

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No Brasil, somente a versão completa será comercializada. Os itens que estão presentes apenas na versão SX SE são: sistema KQS (Kawasaki Quick Shifter), que permite rápidas mudanças no câmbio sem o uso da embreagem subindo ou descendo marchas; piloto automático (Cruise Control) para travar a velocidade na estrada em longas retas; e Sistema KLCM (Kawasaki Launch Control Mode), um controle de largada que tem por objetivo minimizar a derrapagem do pneu traseiro em arrancadas para melhor tração na roda traseira.

Além disso, possui faróis de LED direcionais nos dois lados das carenagens laterais (LED Cornering Lights) que são ativados de acordo com o ângulo de inclinação para auxiliar a iluminação da via durante as curvas; o painel colorido do modelo SX SE também conta com tecnologia TFT (na SX é em LCD) e possui dois modos de exibição, onde é possível visualizar dados como a força aplicada no freio dianteiro, a distribuição de peso durante a pilotagem e um indicador que mostra quão cheio está o compressor.

O motor sem dúvidas é o ponto alto dessa moto que é o terceiro modelo da família H2, depois de H2R, moto de pista e H2, uma esportiva arisca, que pode ser usada nas ruas, mas que está longe de ser confortável.

Agora, a Kawasaki foi além, colocou à prova todo o potencial da engenharia da divisão motos para criar um modelo que oferecesse uma experiência inesquecível de pilotagem, um motor que alterna entre previsível em baixos giros e brutal em altas rotações, com bastante conforto para poder rodar bastante e aproveitar tudo que ela oferece sem precisar ser o campeão mundial de Superbike, o piloto Kawasaki Jonathan Rea.

A marca teve muito sucesso nessa missão, pois, sem dúvidas, essa foi uma das motocicletas mais incríveis que já pilotei nos últimos sete anos editando testes aqui. E sim, já provei muita moto!

Definido o percurso, iniciamos o teste. O visual é espetacular. Se você é tímido e não gosta de chamar a atenção na rua, fuja dessa moto! Ela atrai olhares por onde passa, seja pelo seu design futurista e as grandes dimensões ou, claro, pelo ronco do seu motor de quatro cilindros em linha, com 998 cm³, sobrealimentado com compressor.

A hélice do supercharger trabalha 9,2 vezes mais rápido que o virabrequim. Ou seja, quando o motor entra na faixa vermelha do conta-giros analógico, com 12.000 rpm, o compressor está trabalhando com apenas 110.400 rpm! Isso é muito, mas muito rápido!

Para não assustar o motociclista que se aventura com a H2 SX, a motocicleta possui três modos de potência que são indicados do painel: F (Full), M (Medium) e (L) Low. No modo F a potência do motor não será limitada — são 210 cv com o RAM Air —, ao alternar para o modo M a potência será reduzida em cerca de 25% e, ao alternar para o modo L, a potência será reduzida em cerca de 50%.

Dica aos aventureiros: comecem no L e vão se acostumando. Sempre repetimos isso aqui, pois além de uma moto relativamente pesada, talvez alta para alguns com 835 mm de altura do assento e de grandes dimensões, principalmente no comprimento, com 2.135 mm, ela é uma moto forte, que vai te deixar empolgado para acelerar mais logo nos primeiros quilômetros.

Apesar de todas as modificações nessa versão SX, ainda exige o domínio das técnicas básicas de pilotagem. Entre a redação e a rodovia, rodamos no mapa L, que garantiu uma vida mais fácil. Mesmo com 775 mm de largura, relativamente estreita, não é ágil para fluir nos espaços entre os carros, então paciência, até porque custa mais de 100 mil reais e você não vai querer problemas no corredor com as aceleradas motos menores.

Essa moto é para rodar nas estradas, e quanto mais pista livre, melhor. Não é fácil se manter dentro dos limites da rodovia, então cuidado para não colecionar infrações por excesso de velocidade!

Saboreando o poder do supercharger

Nos primeiros quilômetros na rodovia, começo a testar os controles. Subo o mapa do L para o F e provo como sobe forte e como impressiona o efeito do compressor. Isso instiga a acelerar mais e mais, porém, os limites de 120 km/h nos lembram que o lugar ideal é nos autódromos, onde ela beira os 300 km/h sem dificuldades.

Logo nos acostumamos com a moto e tudo ficou mais divertido! A moto passa muita confiança. É bem estável e além do potente motor, o sistema de freios é robusto, forte, mas sua modulação não assusta os menos experientes. Claro, reduções fortes em alta velocidade exigem o mínimo de domínio para segurar a moto. Não custa repetir aqui: quem compra uma motocicleta como a H2 SX tem que ter feito um curso de pilotagem para esportiva. Isso é investimento!

Em meio a empolgação, um alerta no painel corta o romance estabelecido entre piloto e máquina. Calma, era apenas o indicador de combustível, avisando que a gasolina estava acabando. Como esperado, um motor com 210 cv de potência tem um consumo alto.

Sabemos que quem investe num modelo desse porte, não se importa com consumo, mas no teste, ficou em cerca de 15 km/litro, o que dá uma autonomia de 285 km com um tanque. Suficiente para rodar bastante, mas abaixo do que outras motos para viagem oferecem nesse quesito.

Como algumas estradas oferecem poucos postos, é bom ficar atento ao painel, que é rico em informações, incluindo a autonomia da moto (bem útil), apesar do motor forte que tem. Entre as várias funções, o painel indica a inclinação para os dois lados. No fim do teste, ficou em torno de 50° para os dois lados.

Sem dúvidas, uma moto que faz muita curva, mas sentimos que, pela longo entre-eixos de 1.480 mm, ela anda bem sem esforços do piloto em curvas de média e alta velocidade. Os pneus grudam no asfalto como se fosse um trilho, dando confiança para acelerar e inclinar sem medo.

As suspensões são totalmente ajustáveis, mas não eletronicamente. Na traseira, a pré-carga é facilmente regulada por um manípulo do lado direito da moto. Use sempre esse ajuste quando levar um garupa (endurecendo a pré-carga) e retornando para a posição de sua preferência quando pilotar sozinho e, também, sem bagagens.

A posição de pilotagem impressionou pelo conforto oferecido. Ao ver a moto esperava cansar logo no teste, porém, o guidão é um pouco mais alto que o normal em uma esportiva, além disso o assento é extremamente confortável.

Onde me cansei mais durante o teste foi para manobrar a moto em espaços reduzidos durante as fotos que ilustram esse teste. Mesmo com o aumento do ângulo de esterço do guidão de 27° para 30°, a H2 SX é grande e pesada. Peso que desaparece quando é colocada em movimento, mérito da engenharia Kawasaki.

Entre as alterações realizadas usando como base a conhecida H2, o chassi foi modificado para acomodar os largos assentos de piloto e garupa. A traseira foi reforçada para aumentar a capacidade de carga — que subiu para 195 kg — e acomodar garupa e bagageiros laterais, itens vendidos separadamente nos concessionários. No Brasil, a moto não tem aquecedor de manoplas de série, nem é vendido como acessório.

Obra prima da engenharia

A Kawasaki tirou um coelho da cartola com o trabalho realizado nessa moto. Que experiência maluca é acelerar e sentir o motor crescendo mais e mais! Quem viu as brutais H2 e H2R não imaginaria que a tecnologia aplicada na SX traria suavidade ao motor e até uma certa facilidade de ser pilotada.

Tamanho é o avanço que até mesmo a experiente equipe técnica da marca no Brasil teve dificuldade para esclarecer algumas questões técnicas sobre a moto durante a avaliação. O motor é diferentão com o compressor e você precisa controlar a mão para não “ver até onde vai”, pois ela muda de tranquila para brutal conforme o giro sobe e aí seu domínio das técnicas de pilotagem será cobrado!

Tanta tecnologia cobra seu preço, no caso, R$ 129.990, deixando a SX restrita a poucos privilegiados, apesar de outras motos custarem mais caro! Para os fãs da Suzuki Hayabusa e da Kawasaki ZX-14, é uma moto muito próxima em proposta, priorizando uma pilotagem muito esportiva, eletrizante e, ao mesmo tempo, confortável.

A Ninja H2 SX SE é uma aula sobre tecnologia aplicada a motos que mostra do que eles são capazes de criar na sua engenharia e, além disso, dar uma amostra de um dos caminhos do futuro das motocicletas, com pilotagem prazerosa, confortável e motores lineares, bem apimentados com o supercharger!

Fotos: Renato Durães

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