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Especiais

Com uma rica história, Santos vai muito além das praias

9 Minutos de leitura

  • Publicado: 21/11/2021
  • Atualizado: 22/11/2021 às 8:08
  • Por: Thomas Bento

Santos está entre as seis melhores cidades do Brasil no ranking de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), aferido pela ONU, com base nos níveis de expectativa de vida, educação e PIB per capta, é uma cidade que encanta pelo visual, pelos atrativos, história e importância. E o melhor, para o paulistano, é só descer a serra, está “do lado”! 
 

Texto e fotos: Trinity Ronzella 

O estádio do Santos F.C. impressiona, ele está bem no meio de bairro residencial

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Resumindo a História 

Uma vez instalada na Vila de São Vicente, a comitiva portuguesa de Martim Afonso de Souza começou a ocupar a região (distribuir terras ao redor da Ilha de São Vicente), tendo como primeiro padroeiro São Jerônimo, simbolizado por um oratório. Em 1534, foi instalado um porto canoeiro de uso particular que se tornou de uso comum, para só 5 anos depois dar início à regulamentação das terras ocupadas e trabalhadas. 

A Ilha Barnabé, sinalizada por uma placa às margens da rodovia, sempre me trouxe curiosidade, foi concedida a Brás Cubas, que, em 1540, começou o plantio de cana-de-açúcar e outros produtos de primeira necessidade. Por mais que soe estranho, para nós, brasileiros, um maremoto em 1542 obrigou a transferência da sede da Vila de São Vicente e aumentou a concentração de gente no porto que por já existir uma capela dedicada a Santa Catarina, ela se tornou a segunda padroeira. 

Em frente ao porto há diversos casarões da época em que o café mandava na economia local

Como o porto estava em local mais abrigado e protegido que São Vicente, Brás Cubas decidiu ficar na região e conseguiu transferir o porto para o lugar atual. Com isso, surgiu a primeira denominação em língua portuguesa: porto da Vila São Vicente. No ano de 1543, foi fundada a irmandade para edificação do Hospital de Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos, em seguida foi denominado Porto de Santos e finalmente Santos!  

Já na categoria de cidade (janeiro de 1839), após mais de duzentos anos de estagnação, foram construídos os canais sanitários e a ligação ferroviária com o planalto através da The São Paulo Railway Co., o que foi importantíssimo para o desenvolvimento da região. E quem foi o grande responsável? O café! Mais recente, em 1969, a cidade teve sua autonomia política cassada por ser a “cidade da liberdade” e ter suas “vozes” afrontando o novo regime, foi declarada “Área de Segurança Nacional”, não podendo mais escolher seu prefeito.  A situação só se normalizou em 1984, ou seja, ”ontém”. 

 O que fazer em Santos? 

Tem dias que acordamos sem ideia do que fazer. A moto está na garagem, e a preguiça domina, pois bem! Levante, vista sua roupa, pegue seus documentos, chaves, e vamos sair. Santos está a menos de 80 quilômetros por uma linda e boa estrada e também repleta de atrativos ou, simplesmente, com muito espaço para não fazer nada e curtir na areia da praia, vale só por mudar os ares!  Neste roteiro damos algumas dicas, mas não se prenda a elas, o objetivo é sair de dia e voltar ainda com luz natural, com aquela sensação de estar “leve” para enfrentar a “segundona braba”. 

Largo do Carmo

 Sugestões interesantes

Descendo a Imigrantes, siga para Santos direto, você vai entrar na região do porto, que é bem legal, mas o primeiro objetivo será o Museu Pelé. O acesso é fácil. Estávamos a caminho, passando pela Rua Visconde de Vergueiro, e, antes da esquina, um cheiro de café tomou conta do interior do capacete. Olhei para o Ismael, que estava na outra moto, e vi que a ideia era a mesma. Olhamos para a esquina, e lá estava um prédio antigo, sem nenhuma placa ou pintura, mas com um cheiro de café absurdamente hipnótico! Paramos. 

Confesso que o primeiro impacto é suspeito, vimos o estabelecimento pela porta de trás, o visual não é convidativo, foge do padrão de um local para tomar café, mas objetivo é esse, fugir do óbvio, tradicional, comum, enfim… Foi uma grande surpresa. Tivemos uma aula de café e história com o Guilherme (proprietário), vimos o café sendo torrado, moído e embalado, para depois experimentarmos. Muito bom! Vale a descida da serra. Já anota o endereço: Rua Gonçalves Dias, 34/36 – Rei do Café. Estávamos a poucos metros do nosso primeiro objetivo. 

Santuário do Valongo – Na rua do museu ainda é possível pegar o bondinho e visitar o Santuário

Museu Pelé,  Bonde Turístico de Santos e Santuário Santo Antônio do Valongo 

Eles estão frente a frente, e têm indicações para chegar, pare a moto e reserve um bom tempinho aí. O museu está instalado nos antigos Casarões do Valongo que foram reconstruídos mas, olhando de fora, parece um portal que leva você para outra época. A arquitetura externa do museu não condiz com a interna, que, por sua vez, não condiz com o acervo que expõe a história do “Rei Pelé”. São incrivelmente diferentes e interessantes. 

As motos paradas na frente do Museu Pelé. Vale a pena ir com tempo para visitar e conhecer a história do Rei

Não gosta de futebol? Ok, eu também não sou muito fã, já fui, mas a história que está exposta nesse local é incrível, imperdível, eu diria. Pena que quando estou fazendo a matéria o tempo sempre insiste em passar rápido, dá vontade de ficar mais tempo ali assistindo aos vídeos, lendo as muitas histórias, vale a pena. Sem contar que o museu está bem estruturado (apesar de mal divulgado), tem um café, loja do time do Santos, tudo de muito bom gosto.  Funcionamento: (13) 3295-8900 / 3233-9670 ou pelo Facebook: Museu Pele. Funciona das 11 às 15h. 

 O bonde turístico tem algumas opções de carros diferentes, cada um com sua história, percorre quarenta pontos de interesse histórico. Tem o Bonde Café, que faz um passeio de 25 minutos dando ênfase à história do café na cidade e, acredite, saboreando um café selecionadoDê uma olhada no site www.turismosantos.com.br, tem várias informações a respeito, não é só “um passeio de bonde”.  

Os bondinhos no Valongo

O maior estádio da Baixada Santista 

O Estádio Urbano Caldeira está a 2,5 quilômetros do museu, pertinho e imperdível!  Ele é um “quarteirão de grama” no meio do bairro de “casas normais”, incrível! Como pode um lugar tão “pequeno” ser tão grande e mágico? E ainda estar recheado de tantas histórias do esporte mais importante do país! Visitar a Vila Belmiro é muito interessante! Vou descrever minha impressão, pois estive há alguns meses em Santos e cheguei perto do estádio pela primeira vez. Dei uma volta no estádio completo em menos de dois minutos (estava de moto) e não resisti, parei para fazer duas fotos, fiquei parado olhando um instante e tive que sair, enfim, pensei: “tenho que voltar”. E voltei! 

Inaugurado em outubro de 1916, a praça de esportes recebeu o primeiro jogo 10 dias depois, contra o Ypiranga, pelo Campeonato Paulista. O Santos venceu por 2 a1. A Vila tem uma programação de visitas que recebe gente do mundo inteiro. Passa pelo Memorial da Conquista, troféus, imagens incríveis, vídeos e também uma passadinha dentro do estádio, às margens do campo.  

A visita não é demorada, uma hora e meia basta para ver tranquilamente e seguir o passeio! Informações do site oficial www.memorialdasconquistas.com.br

Vila Belmiro – É possível entrar para conhecer o estádio 

Continua o passeio! 

Depois do café e desses dois locais, com certeza a hora do almoço já passou, então, um passeio pela orla de Santos é sempre agradável, melhor ainda se for rumo ao almoço, logicamente. Siga para a orla a caminho da Balsa (sim, vamos atravessá-la) e seguir para o Guarujá, especificamente para o Perequê, afinal merecemos um peixinho bem preparado sem deixar a moto como parte de pagamento.  

Há vários atrativos pela orla, entre eles destaco a Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré (originou-se de uma capela erguida em 1875 e foi dado início à nova edificação em 1930, para ser finalizada em 1945). No estilo neogótico, conta com um órgão com 3.800 tubos; o Aquário de Santos, o Museu da Pesca e o Museu Histórico da Fortaleza de Santos, que está do outro lado do canal e são alguns dos pontos bem legais para registrar e estão no calçadão da praia mesmo. Ou seja, se não der tempo, já tem motivo para voltar outro dia, e veja, nem colocamos os pés na areia! 

A orla de Santos está muito atrativa

Depois de passar a balsa, você estará no Guarujá, o objetivo aqui é seguir para o Perequê (são 17 quilômetros), o que já nos faz passar por quase toda a orla da cidade, uma vista muito legal. Se quiser, quando acabar a Praia de Pitangueiras, na segunda entrada à direita, suba até o Morro do Maluf, a vista de lá é linda, vale a pena!  

 Bateu a fome! 

Chegamos ao Perequê, o primeiro restaurante que notará, estará a sua direita, quase na areia, chamase O Farol. Pode estacionar lá dentro da praia se quiser! O cardápio é variado, de peixe a frango, os pratos servem duas pessoas tranquilamente. Durante o almoço sempre passa alguém vendendo cocadas e queijadinha, obviamente levei para esposa e filho, #ficaadica! Coma com moderação, pois vai ter que enfrentar a estrada para voltar, mas, se exagerar, poderá escolher uma pousada por perto. 

 Igrejas barrocas

 Como fomos? 

Eu fui de Honda CB 250 Twister, e o Ismael Baubeta foi de Royal Enfield Meteor 350, duas motos com estilos diferentes, mas que fazem o mesmo serviço. Fiquei surpreso com a performance da Twister e o conforto da Meteor. As duas cumprem o papel tanto na estrada como na cidade e, para rolés curtos do tipo turístico, em que se estaciona várias vezes, são mais práticas e exigem menos fisicamente, pois são mais fáceis de estacionar e costurar o trânsito parado.   

 
Dicas 

• Não se prenda em fazer muito, aproveite bem “o pouco” e deixe motivos para voltar, afinal, são vários os dias em que acordamos com a dúvida do que fazer em pouco tempo. E Santos não está tão longe assim para quem não é de Sampa, podendo ser um programa para sábado e domingo, por que não? 

• Sempre levo nos bolsos uma barra de cereal, ou qualquer outra coisa para um lanche rápido, pois o envolvimento com os atrativos vai atrasar o almoço, então uma aguinha e algo para comer é sempre bem-vindo. Nada impede de tomar uma água de coco na orla também, aliás, é ótima pedida! 

 • O importante é ter em mente que há muitos atrativos, e o melhor é não ter pressa… 

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