Motocicletas quebrando paradigmas
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Motocicletas quebrando paradigmas

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 17/06/2010
  • Por: jmesquita

<p><span style="font-weight: bold;">por Rafael Miotto</span></p>

<p>Algumas coisas são difíceis de entender. Atualmente, notamos uma onda de campanhas para manchar a imagem das motos. Alguns falam que é um veículo voltado para o crime, outros que é muito perigoso e, recentemente, tem sido a vilã até quanto a poluição das cidades. Bom, é fácil ficar apenas criticando sem embasamento. A Motociclismo sempre lutou para que os motociclistas utilizem, cada vez mais, as motocicletas de maneira consciente e com equipamentos de proteção necessários. Utilizada de modo responsável, a moto é sim um meio de transporte que pode acabar com muitos problemas das cidades. Os congestionamentos geram perdas incalculáveis para o bolso e a saúde da sociedade. Uma estimativa realizada por Marcos Cintra, vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas, aponta que, somente em 2008, a capital paulista perdeu R$ 33,5 bilhões com o trânsito lento. Com os números na mão, fica mais fácil argumentar, por isso realizamos nesta matéria especial cinco roteiros diferentes, de ida e volta, para contabilizar os gastos com automóveis e motos. Sempre fazendo os mesmos roteiros e horários, chegamos a um panorama de quanto se pode economizar de dinheiro, tempo e poluição do meio ambiente com as motocicletas. A nossa intenção não é mostrar os pontos negativos dos carros, como muitos fazem com as motos, e sim, divulgar como a motocicleta pode ser útil para a sociedade a curto prazo. Confira os resultados e informações da matéria e tire suas próprias conclusões!</p>

<p><strong>Menos efeito estufa</strong><br />
Apesar de, em muitos lugares, ser dito o contrário, recorremos a dados do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) para constatar o quanto polui cada veículo. Utilzamos como gás analisado o CO² (dióxido de carbono), responsável pelo efeito estufa. Este famoso fenômeno provoca o aquecimento global, que muitos estudiosos apontam como o principal perigo iminente para a sobrevivência da humanidade. De acordo com números publicados pelo Ibama, em 2008, a média de emissões dos automóveis produzidos no ano citado fica em: 185 g/km (flex abastecido com gasolina) e 187 g/km (flex abastecido com álcool) e 223 g/km nos automóveis movidos apenas à gasolina. O mesmo levantamento separa as motos em três divisões: motor até 150 cm³ emite 53,40 g/km de CO², motor acima de 150 cm³ expele 74,30 g/km de dióxido de carbono, enquanto as motos acima ou igual a 501 cm³ têm médias de 129 g/km de CO² jogados na atmosfera. Desse modo, como a frota até 150 cm³ é a principal do Brasil, na maioria dos casos, as motos emitem cerca de 28,5% do CO² expelido pelos carros. Para se ter uma ideia mais real dos efeitos disso, em relação ao consumo de combustível, gasto de dinheiro e emissões de gases na atmosfera acompanhe as tabelas.</p>

<p><strong>Moto, ainda mais "verde"</strong><br />
Apesar de não haver contradições quanto à quantidade de CO² emitida pelas motos ser menor que a dos carros, ainda há muita informação desencontrada a respeito dos gases prejudiciais à saúde, como o CO (mo nóxido de carbono), HC (hidrocarbonetos) e NOX (óxido de nitrogênio). Há algum tempo, as motocicletas não tinham nenhuma regra específica sobre o assunto, assim, apenas a partir de 2003, teve início o Promot (Programa de Controle do Ar por Motociclos e Veículos Similares). Em 2009, chegamos à 3ª fase do programa, equiparando-se às normas vigentes na Europa (Euro III). Com isso, os níveis de gases tóxicos emitidos pelas motos são quase idênticos aos dos carros, por exemplo, tanto automóveis como motocicletas 0 km têm de emitir, no máximo, 2.0 g/km de CO para obterem a homologação. Com a venda anual de quase 2 000 000 novas motocicletas, todas já enquadradas no Promot3, a renovação da frota está ocorrendo muito rapidamente e as motos com os antigos índices já estão deixando de circular pelas ruas.</p>

<p><strong>Incentivo ao uso</strong><br />
Ao contrário do que ocorre no Brasil, muitos países do exterior, principalmente na Europa, já notaram os diversos benefícios do uso da motocicleta. Desse modo, estão sendo criadas maneiras de incentivar o seu uso. Uma das mais recentes já está em vigor lugares como Espanha, França e Portugal. Nesses locais foi criada a equivalência B-A1, que significa a liberação das pessoas habilitadas em automóveis a poderem andar com motos até 125 cm³ pelas ruas. A medida já está fazendo efeito e muitos estão trocando os automóveis pelas motocicletas, desafogando o trânsito e causando menos impacto ao meio ambiente. Para uma cidade tão importante e caótica como São Paulo, onde cada carro transporta, em média, 1,37 passageiros (fonte: CET – Companhia de Engenharia de Tráfego), a troca por motocicletas daria maior fluidez ao trânsito.</p>

<p>Entre outros incentivos aos motociclistas, está a abertura das faixas de ônibus para as motos também. Essa medida foi adotada há pouco tempo, em Londres, na Inglaterra. Também na Espanha, as autoridades de Madrid e Barcelona estão inserindo espaços reservados para as motocicletas antes dos semáforos. Desse modo, os motociclistas podem ficar posicionados à frente dos carros e, quando o farol abrir, sair de maneira muito mais segura.</p>

<p><strong>Autoridades na contramão</strong><br />
Nossa intenção, ao mostrar todos esses benefícios das motocicletas é uma resposta às censuras que as autoridades querem fazer ao veículo. A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, pretende proibir as motos em parte da avenida 23 de Maio e na via expressa da Marginal Tietê, o que acreditamos ser uma decisão arbitrária e sem justificativas. O correto seria buscar meios, como é feito na Europa, de incentivar o uso das motocicletas e garantir a segurança do usuário. Todo meio de transporte tem a sua importância e são essenciais para o bom funcionamento da sociedade. Os caminhões garantem o transporte de cargas, os automóveis proporcionam um transporte confortável e não há como negar seu valor. E assim também são os ônibus, metrôs, trens e etc. Por isso, vale ressaltar também a importância da moto e como pode ser um dos meios de se transportar com mais inteligência, principalmente, com o transporte público deixando tanto a desejar. Para terminar, é muito importante dizer que, além de todos os benefícios que mostramos, andar de motocicleta é uma verdadeira terapia e paixão.</p>

<p>Confira abaixo os percursos:</p>

<p><strong>Percurso 1: Roteiro Supercity</strong></p>

<p>Quilômetros totais – 94,4 km (duas voltas no circuito Supercity, trajeto fixo utilizado pela MOTOCICLISMO para medir consumo urbano em São Paulo)</p>

<p>Moto: Dafra Smart 125<br />
Carro: Smart Fortwo</p>

<p><strong>TEMPO</strong><br />
Saída da Vila Cruzeiro, SP – 12h32<br />
Chegada moto: 15h14<br />
Chegada carro: 16h18</p>

<p><strong>Tempos totais</strong><br />
Moto: 2h42<br />
Carro: 3h46<br />
Resultado<br />
Moto ganha 1h04min/dia</p>

<p><strong>DINHEIRO</strong><br />
Gasolina (R$ 2,43 l) gasta<br />
Moto: 2,86 l – R$ 6,94<br />
Carro: 9,69 l – R$ 23,54</p>

<p><strong>As condições</strong><br />
Neste primeiro roteiro, reunimos dois veículos bem práticos. De um lado, o scooter Dafra Smart 125 e, do outro, o simpático Smart Fortwo. O automóvel de dimensões bem reduzidas é um dos carros mais ágeis em termos de locomoção na cidade. Além disso, o Smart Fortwo possui um motor tricilíndrico de 999 cm³. As condições de trânsito do dia eram medianas e o automóvel rodou com o ar-condicionado ligado.</p>

<p><strong>No fim de um ano</strong><br />
Como é possível ver abaixo no comparativo, após um ano utilizando a Dafra Smart, você pode economizar uma quantia de R$ 4 017,2. Desse modo, juntando um pouco mais você é capaz de comprar uma nova motocicleta, já que preço sugerido pela motocicleta é R$ 5 660. Além disso, o tempo que sobra pode ser utilizado para fazer atividades físicas, por exemplo, ajudando na saúde.</p>

<p><strong>RESULTADOS</strong><br />
De moto, em 11 meses, economiza-se:<br />
Tempo: 10 dias, 5h18<br />
Dinheiro: R$ 4 017,2<br />
Gasolina: 1 652,866 l – 55,09 barris de petróleo<br />
Emissão de poluentes: 3 847,48 kg de CO²</p>

<p>———-</p>

<p><strong>Percurso 2: Santo André » Vila Cruzeiro (Editora), SP</strong></p>

<p>Quilômetros ida e volta – 58,2 Km (30,5 km ida / 27,7 km volta)<br />
Moto: Honda CG 150 Titan Mix<br />
Carro: Fiat Palio1.0 Flex</p>

<p><strong>TEMPO</strong><br />
Saída de Santo André – 8h59<br />
Chegada moto: 9h42<br />
Chegada carro: 10h14<br />
Saída da Vila Cruzeiro: 19h28<br />
Chegada moto: 20h05<br />
Chegada carro: 20h29</p>

<p><strong>Tempos totais</strong><br />
Moto: 1h20<br />
Carro: 2h16<br />
Resultado<br />
Moto ganha 54 min/dia</p>

<p><strong>DINHEIRO</strong><br />
Álcool (R$ 1,45) gasto<br />
Moto: 1,18L – R$ 1,71<br />
Carro: 7,0 L – R$ 10,15</p>

<p><strong>As condições</strong><br />
Com a chegada dos veículo flex ao mercado de motos, com o lançamento da CG Mix, pudemos colocar lado a lado veículos de duas e quatro rodas abastecidos com álcool. Pela manhã, o trânsito estava bem intenso na vinda de Santo André a São Paulo, já no retorno à cidade do ABC paulista, o tráfego estava muito leve. Em partes devido à inauguração do Rodoanel Sul, o trajeto entre as duas cidades está mais rápido.</p>

<p><strong>No fim de um ano</strong><br />
Que tal comprar aquele laptop que você tanto quer? Pois bem, após ano rodando com a CG Mix, será capaz de comprar o aparelho à vista. Além disso, você pode colocar suas leituras em dia com jornais e revistas, durante os 54 minutos que ganha. O meio ambiente também agradece pois 1 408,44 litros de álcool não vão precisar nem ser produzidos. Muito vantajoso, não acham?</p>

<p><strong>RESULTADOS</strong><br />
De moto, em 11 meses, economiza-se:<br />
Tempo: 9 dias, 1h45<br />
Dinheiro: R$ 2 042,48<br />
Álcool: 1 408,44. l<br />
Emissão de poluentes: 1 881,68 kg de CO²</p>

<p>———-</p>

<p><strong>Percurso 3: Vila Cruzeiro (Editora), SP » Aricanduva, z/Leste, SP</strong></p>

<p>Quilômetros ida e volta – 69 Km (35,6 km ida / 33,4 km volta)<br />
Moto: Yamaha Yamaha XJ6 F<br />
Carro: Ford Focus 1.6 Hatch</p>

<p><strong>TEMPO</strong><br />
Saída da Vila Cruzeiro – 8h55<br />
Chegada moto: 9h45<br />
Chegada carro: 9h51<br />
Saída do Aricanduva: 17h23<br />
Chegada moto: 18h08<br />
Chegada carro: 19h07</p>

<p><strong>Tempos totais</strong><br />
Moto: 1h35<br />
Carro: 2h40<br />
Resultado<br />
Moto ganha 1h05min/dia</p>

<p><strong>DINHEIRO</strong><br />
Gasolina (R$ 2,43 l) gasta<br />
Moto: 3,83 l – R$ 9,306<br />
Carro: 6,3 l – R$ 15,30</p>

<p><strong>As condições</strong><br />
Neste roteiro, reunimos os veículos que, atualmente, fazem parte do Teste dos 100 dias: Ford Focus (revista CARRO) e Yamaha XJ6 (MOTOCICLISMO). Ambos são veículos para consumidores médios de cada segmento. No dia que o roteiro foi realizado, a ida não estava muito congestionada, porém, na volta, o trânsito estava mais carregado. No caso do Focus, 70% do trajeto foi realizado com o ar-condicionado ligado.</p>

<p><strong>No fim de um ano</strong><br />
Você é aquela pessoa que gosta de poupar, certo? Pois bem, no final do ano, você terá R$ 1 405 a mais em sua conta para poder fazer investimentos. Além disso, quem sabe, poderá fazer algumas horas extras em seu trabalho utilizando o tempo que ficaria no trânsito (nada mal para ganhar mais uma graninha). Bom sinal também para a natureza, que terá menos 935,09 kg de CO².</p>

<p><strong>RESULTADOS</strong><br />
De moto, em 11 meses, economiza-se:<br />
Tempo: 10 dias, 22h24<br />
Dinheiro: R$ 1 450,54<br />
Gasolina: 597,74 l – 19,92 barris de petr&oa</p>

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