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Kawasaki Z900RS Café, estilo e tradição da marca verde

7 Minutos de leitura

  • Publicado: 06/06/2020
  • Por: Willian Teixeira

A tradicional cor verde e o estilo clássico fazem a Kawasaki Z900RS Café chamar muita atenção por onde passa. A sua tocada é bem dócil, mas também divertida.

Texto: Ismael Baubeta
Edição:
Willian Teixeira
Fotos:
Gustavo Epifânio

Essa história de motos clássicas sem clichês me faz viajar no tempo, mas esta Kawasaki Z900RS Café me levou além, para meados dos anos 1970 quando eu sonhava em ser um piloto de motovelocidade e devorava a leitura que aparecesse na frente sobre o tema, o que não era muita coisa na época. Tempo em que as corridas de endurance também me fascinavam, elas eram realizadas em vários países (inclusive no Brasil) e, talvez a mais conhecida dos brasileiros seja Bol d’Or, na França, prova em que Walter Tucano Barchi beliscou a vitória em uma equipe 100 % nacional.

Posição: a Z900RS Café tem posição de pilotagem levemente adiantada por conta do guidão mais baixo, é um pouco cansativa

Igual à irmã pelada

A Z900RS Café tecnicamente é a mesma moto que a RS (ganhadora do Moto de Ouro em 2019 entre as clássicas), a não ser pelo guidão mais baixo e estreito que obriga uma leve inclinação para a frente na posição de pilotagem. As demais diferenças estão nos adereços visuais, que valorizam o estilo e, a meu ver, a deixam com espírito ainda mais retrô e muito bacana. A carenagem frontal com a bolha arredondada e a tradicional pintura verde da marca transportam para outra época, por acaso a mesma época da primeira Z1 de 1972, modelo pioneiro da família Z.

Carenagem e bolha arredondadas estilo anos 1970

Outro item vintage que faz uma releitura da época é o painel com dois enormes mostradores analógicos para velocímetro e conta-giros com ponteiros brancos enormes. Os mostradores abrigam discretamente ao centro, o pequeno painel digital com as demais informações, que podem ser acessadas e selecionadas pelo punho esquerdo.

Painel com velocímetro e conta-giros de ponteiros, tal qual os da época

Ergonomia

Ao sentar-se na moto você vai perceber a diferença na ergonomia com relação à irmã careta. A princípio passa despercebido, você vai sentir a diferença da posição depois de duas horas rodando pela cidade, quando o corpo começar a reclamar, graças ao desconforto da posição menos natural. Para a garupa, a posição do corpo e das pernas é boa, mais relaxada que a do piloto, apesar do banco estreito, não cansa tanto.

Banco é confortável, tem formato anatômico. Parece pequeno para o garupa, mas não é

O propulsor quatro cilindros

Ao dar a partida no motor de quatro cilindros você vai perceber a suavidade de seu funcionamento, ao contrário do que o visual do escape sugere, o som é discreto. Derivado da Z900, este motor foi reformulado para ter mais torque em baixas e médias rotações. Segundo a fábrica são 109 cv e 9,7 kgf.m de potência e torque máximos, suficientes para você se divertir bastante.

Quatro cilindros prontos para responder com suavidade

Seu funcionamento é linear e, apesar de competente e esperto não é explosivo, tem baixo nível de vibração e ruído, o que o torna ainda mais atraente. O câmbio de seis marchas é bem escalonado, mas em baixos giros exige um pouco mais de força na alavanca para passar as marchas, a embreagem assistida e deslizante é bem macia e, ao contrário do pedal, tem acionamento suave como cortar manteiga com faca quente.

Punho esquerdo com botões para acessar o menu de regulagens eletrônicas

Para facilitar a pilotagem a Z 900R Café vem com itens de assistência eletrônica, ABS e controle de tração, duas opções que ajudam os menos experientes em condições de pouca aderência ou aos que gostam de andar mais agressivamente.

Dando o rolé

Os primeiros quilômetros ao guidão da Z900RS Café fazem parecer que ela é um pouco pesada, são 215 quilos em ordem de marcha, mas a sensação vai desaparecendo à medida que você vai pegando o jeito. Afinal, o guidão um pouco mais estreito (em relação à irmã careta) exige um pouco mais de força para esterçá-lo, tarefa que é mais sentida dentro da cidade e com tráfego mais pesado, no zigue-zague para driblar o trânsito.

Guidão mais baixo também remete à época das corridas de endurance

Abandone a cidade, entre na estrada e comprove o quanto ela é capaz de divertir, neste tipo de trajeto a cintura da moto estreita (na linha do tanque) permite um bom encaixe das pernas e ajuda na pilotagem mais esportiva.

Tocada: a Z900RS Café pode ser pacata, mas se você quiser também vai se divertir

Sem chegar ao extremo das motos esportivas, que às vezes estressam os sentidos com desempenho exagerado nas acelerações e aproximações de curva, a RS Café é competente e empolgante a seu modo, também é voraz por curvas e serpenteia por elas com desenvoltura e segurança. Obviamente não tem a rapidez e agilidade na direção de uma esportiva, mas atende seu chamado com prontidão, é capaz de contornar curvas rápidas com muita estabilidade graças ao bom conjunto de bengalas invertidas totalmente ajustáveis e ao monoamortecedor com ajustes de pré-carga da mola e retorno.

O amortecedor é deslocado para a direita, mas é fácil de acessar para regular

O conjunto também se comporta bem no terrível pavimento da cidade, absorvendo com bastante apetite a buraqueira tradicional de nossa metrópole. Com garupa, em alguns desníveis ou buracos mais acentuados a traseira bate no final do curso dando sensação bastante incômoda.

Freios

O sistema de freios é potente, tem dois enormes discos de 300 mm de diâmetro na dianteira mordidos por pinças radiais monobloco de quatro pistões. Atrás um disco de 250 mm mordido por pinça de pistão único complementa o conjunto que apresentou bom tato e eficiência nas frenagens, sem exigência de força no manete.

Pinças radiais são potentes e mordem discos de 300 mm de diâmetro

Em suma, a Z900RS Café é uma motocicleta que chama a atenção, agrada geral – pudemos perceber o quanto chamou a atenção por onde estivemos. Poucos são os senões para esta máquina do tempo, afinal, depois que você se adapta a suas características, tudo fica mais fluido e alegre, você não vai querer deixá-la estacionada na garagem, vai querer tirar tudo que ela oferece. Os R$ 49.990 pedidos nas concessionárias não é pouca grana, mas as virtudes e a capacidade de oferecer diversão contam a se favor. Na mesma faixa de preço existem várias outras opções clássicas da Triumph, mas todas com motor de dois cilindros paralelos.

PONTOS POSITIVOS
• Motor
• Design

PODERIA SER MELHOR
• Suspensão traseira

NÚMEROS DO DINAMÔMETRO
Potência máxima: 91,80 cv a 8.650 rpm
Torque máximo: 8,62 kgf.m a 6.780 rpm
Resultados obtidos no dinamômetro de rolo inercial Servitec modelo 2010, do centro técnico da revista MOTOCICLISMO

O motor da Z900RS Café é bem elástico, permite uma tocada tranquila, mas também oferece esportividade se você quiser adrenalina.

DADOS DE FÁBRICA
MOTOR
Tipo: Tetracilíndrico
Arrefecimento: A líquido
Válvulas: 16, DOHC
Alimentação: Injeção eletrônica
Cilindrada: 948 cm³
Diâmetro x curso do pistão: 73,4 x 56 mm
Taxa de compressão: 10,8:1
Potência máxima: 106 cv a 8.500 rpm
Torque máximo: 9,7 kgf.m a 6.500 rpm

TRANSMISSÃO
Embreagem: Multidisco banhada em óleo
Câmbio: Manual, 6 velocidades
Secundária: Por corrente

CHASSI
Tipo: Diamond de aço
Balança: Duplo braço de alumínio
Cáster/trail: 25°/98 mm

SUSPENSÃO
Dianteira: Garfo telescópico invertido
Barras: 41 mm
Curso: 120 mm
Regulagens: Pré-carga, compressão e retorno
Traseira: Monoamortecedor
Curso: 140 mm
Regulagens: Pré-carga da mola e retorno

FREIOS
Dianteiro: Disco duplo de 300 mm
Pinça: Radial 4 pistões (ABS)
Traseiro: Disco de 250 mm
Pinça: 1 pistão (ABS)

PNEUS
Modelo: Dunlop Sportmax
Dianteiro: 120/70 – 17 58W
Traseiro: 180/55- 17 73W

MEDIDAS
Comprimento: 2.100 mm
Largura: 865 mm
Entre-eixos: 1.470 mm
Altura do assento: 800 mm
Distância mínima do solo: 130 mm
Capacidade do tanque: 17 litros
Peso (em ordem de marcha): 215 kg
Capacidade máxima de carga: 180 kg

Preço: R$ 49.990 (em 06/06/2020)

Conclusão: por Ismael Baubeta

A Kawasaki Z900RS Café tecnicamente é igual a irmã, mas sua cor, a carenagem com a bolha redonda e a posição de pilotagem a tornam ainda mais especial. É como se você estivesse sentando em uma moto de corrida antiga, mas com tecnologia e desempenho atuais.

Kawasaki Z900RS Café
Kawasaki Z900RS Café

É verdade que o guidão mais baixo a torna um pouco cansativa, principalmente na cidade, mas o bom desempenho geral de motor, suspensões e freios suplanta a adversidade. O preço de R$ 49.990 não é pouco, mas é justo pelo que entrega. Diversão e passeios tranquilos estão garantidos, dá até para encarar um trackday.

Kawasaki Z900RS Café
Ponteira compacta imita cano direto, mas é silenciosa
Kawasaki Z900RS Café
Disco traseiro e seu sensor do ABS
Kawasaki Z900RS Café
Pequena rabeta abriga lanterna de LED
Kawasaki Z900RS Café
Kawasaki Z900RS Café destaca-se por ter design sóbrio e atrativo
Kawasaki Z900RS Café
Traseira minimalista combina com aspecto racing
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